
Existe atualmente no Brasil um conjunto de religiões aqui nascidas e desenvolvidas, criadas a partir de 1500 pela combinação das crenças e dos costumes dos vários povos ameríndios, africanos e europeus que participaram da formação da cultura brasileira.
Entre os ameríndios, o grupo mais importante foi o Tupi, que antes da chegada dos europeus se espalhava desde o sul da Amazônia até o Rio da Prata. Sua cultura era Neolítica, baseada na agricultura de subsistência, na caça e na pesca. Os povos se organizavam em aldeias constituídas por famílias extensas (várias gerações reunidas numa grande casa), sem uma divisão hierárquica marcada. Refletindo estes traços culturais, a religião dos povos Tupis apresentava duas marcas principais. Em sua relação com a natureza selvagem, consideravam que todos os seres, objetos e fenômenos naturais tinham "mães", gênios criadores femininos que poderiam ser personalizados num animal ou num astro; e outros espíritos da natureza agiam como guardiões, ajudando as pessoas a suprirem suas necessidades e punindo os que matavam sem razão. Já a ordem social humana era regida por deuses criadores e heróis civilizadores masculinos, expressões da ascensão do poder patriarcal. Ritos de iniciação, práticas de magia e cura xamânica, festivais estacionais agrícolas, ritos fúnebres baseados na crença em uma vida do espírito em outro mundo, busca da proteção dos bons espíritos e afastamento dos espíritos maus são os traços básicos dessa religião. Sendo os habitantes originais do litoral brasileiro, foram os Tupis que tiveram maior contato com os europeus nos primeiros séculos da exploração da região, deixando marcas profundas de sua cultura. O Tupi foi a "língua geral" falada em muitas regiões do país nos primeiros séculos da colonização, sendo substituído muito lentamente pelo português, que absorveu muitos termos da língua indígena. Ao mesmo tempo, as crenças populares nos espíritos protetores, vários ritos e costumes tradicionais se misturaram com as crenças européias. Além disso, a figura idealizada dos índios, sob a forma de caboclos e caboclas, foi incorporada às religiões populares com a função de espíritos protetores. Atualmente, a Amazônia é a região que conserva lembranças mais fortes da cultura ameríndia, embora existam vestígios dela em todas as regiões do país, mais ou menos misturadas às outras tradições.
Entre os povos africanos, trazidos para o Brasil como escravos, os mais importantes para a formação da cultura nacional foram os Iorubás e os Bantos, oriundos respectivamente das bacias do Rio Niger (atual Nigéria) e Congo (atual Congo e Angola). Um traço característico desses povos era a organização da tendência matriarcal das aldeias, que se refletia em sua religião. Muito organizada, rica e complexa, a religião desses povos contava com dois tipos de hierarquia sacerdotal: as mulheres eram responsáveis pelo contato direto com os deuses, por intermédio do êxtase ritual e dos cuidados do templo; os homens cuidavam da adivinhação e da cura. Entre os Iorubás, era dada grande importância ao culto dos Orixás; uma característica dessa religião é a jovialidade dos deuses, que, geralmente, se mantinham bem distantes dos mortos. Os deuses dos Bantos, foram assimilados pelos Orixás que a eles se pareciam. Como os Bantos foram trazidos para o Brasil desde o início da colonização e se espalharam por um vasto território, tendo grande contato com portugueses e índios, sua religião foi pouco a pouco se misturando ao xamanismo indígena e às crenças religiosas e mágicas européias. Por isso, enquanto a religião Iorubá foi renascendo e se reorganizando na Bahia, onde esse povo ficou mais concentrado, a religião Banto foi amalgamada com inúmeros outros elementos, desde os rituais caboclos até o espiritismo abraçado pelas classes médias urbanas no final do século 19.
Ao absorverem os elementos da religião européia imposta pelos colonizadores, os negros e caboclos do Brasil, aproveitaram essa face mais benévola, flexível e abrangente, utilizando as figuras do Cristo, da Virgem e dos Santos para compor uma religião popular complexa e rica. Um outro elemento que veio da Europa e contribuiu fortemente para o conjunto de crenças populares brasileiras foram os ciganos.
A repressão a todos os grupos não cristãos na região fez com que muitos ciganos migrassem para a América, onde sua cultura marcou as crenças populares. Hoje em dia , os ciganos aparecem sob duas formas na religiosidade popular do Brasil: por um lado existem os ciganos verdadeiros, que conservam suas crenças e práticas ancestrais; por outro lado, a Umbanda e o Catimbó incorporaram o cigano e a cigana idealizados, protótipos do nômade com poderes mágicos, às suas legiões de guias espirituais.
Entre os ameríndios, o grupo mais importante foi o Tupi, que antes da chegada dos europeus se espalhava desde o sul da Amazônia até o Rio da Prata. Sua cultura era Neolítica, baseada na agricultura de subsistência, na caça e na pesca. Os povos se organizavam em aldeias constituídas por famílias extensas (várias gerações reunidas numa grande casa), sem uma divisão hierárquica marcada. Refletindo estes traços culturais, a religião dos povos Tupis apresentava duas marcas principais. Em sua relação com a natureza selvagem, consideravam que todos os seres, objetos e fenômenos naturais tinham "mães", gênios criadores femininos que poderiam ser personalizados num animal ou num astro; e outros espíritos da natureza agiam como guardiões, ajudando as pessoas a suprirem suas necessidades e punindo os que matavam sem razão. Já a ordem social humana era regida por deuses criadores e heróis civilizadores masculinos, expressões da ascensão do poder patriarcal. Ritos de iniciação, práticas de magia e cura xamânica, festivais estacionais agrícolas, ritos fúnebres baseados na crença em uma vida do espírito em outro mundo, busca da proteção dos bons espíritos e afastamento dos espíritos maus são os traços básicos dessa religião. Sendo os habitantes originais do litoral brasileiro, foram os Tupis que tiveram maior contato com os europeus nos primeiros séculos da exploração da região, deixando marcas profundas de sua cultura. O Tupi foi a "língua geral" falada em muitas regiões do país nos primeiros séculos da colonização, sendo substituído muito lentamente pelo português, que absorveu muitos termos da língua indígena. Ao mesmo tempo, as crenças populares nos espíritos protetores, vários ritos e costumes tradicionais se misturaram com as crenças européias. Além disso, a figura idealizada dos índios, sob a forma de caboclos e caboclas, foi incorporada às religiões populares com a função de espíritos protetores. Atualmente, a Amazônia é a região que conserva lembranças mais fortes da cultura ameríndia, embora existam vestígios dela em todas as regiões do país, mais ou menos misturadas às outras tradições.
Entre os povos africanos, trazidos para o Brasil como escravos, os mais importantes para a formação da cultura nacional foram os Iorubás e os Bantos, oriundos respectivamente das bacias do Rio Niger (atual Nigéria) e Congo (atual Congo e Angola). Um traço característico desses povos era a organização da tendência matriarcal das aldeias, que se refletia em sua religião. Muito organizada, rica e complexa, a religião desses povos contava com dois tipos de hierarquia sacerdotal: as mulheres eram responsáveis pelo contato direto com os deuses, por intermédio do êxtase ritual e dos cuidados do templo; os homens cuidavam da adivinhação e da cura. Entre os Iorubás, era dada grande importância ao culto dos Orixás; uma característica dessa religião é a jovialidade dos deuses, que, geralmente, se mantinham bem distantes dos mortos. Os deuses dos Bantos, foram assimilados pelos Orixás que a eles se pareciam. Como os Bantos foram trazidos para o Brasil desde o início da colonização e se espalharam por um vasto território, tendo grande contato com portugueses e índios, sua religião foi pouco a pouco se misturando ao xamanismo indígena e às crenças religiosas e mágicas européias. Por isso, enquanto a religião Iorubá foi renascendo e se reorganizando na Bahia, onde esse povo ficou mais concentrado, a religião Banto foi amalgamada com inúmeros outros elementos, desde os rituais caboclos até o espiritismo abraçado pelas classes médias urbanas no final do século 19.
Ao absorverem os elementos da religião européia imposta pelos colonizadores, os negros e caboclos do Brasil, aproveitaram essa face mais benévola, flexível e abrangente, utilizando as figuras do Cristo, da Virgem e dos Santos para compor uma religião popular complexa e rica. Um outro elemento que veio da Europa e contribuiu fortemente para o conjunto de crenças populares brasileiras foram os ciganos.
A repressão a todos os grupos não cristãos na região fez com que muitos ciganos migrassem para a América, onde sua cultura marcou as crenças populares. Hoje em dia , os ciganos aparecem sob duas formas na religiosidade popular do Brasil: por um lado existem os ciganos verdadeiros, que conservam suas crenças e práticas ancestrais; por outro lado, a Umbanda e o Catimbó incorporaram o cigano e a cigana idealizados, protótipos do nômade com poderes mágicos, às suas legiões de guias espirituais.
0 comentários:
Postar um comentário
Muito obrigada pela sua visita. Deixe um recadinho, sugestão ou mesmo uma dúvida. Obrigada e volte sempre.